sexta-feira, 27 de abril de 2012

FANFIC - Sol&Chuva - Capítulo 36






Capítulo 36


Já faziam duas semanas que tínhamos enfrentado os vampiros recém-criados na clareira. Jacob estava sendo obrigado a andar de muletas em público, apesar dos ferimentos a muito terem se curado, já que Charlie, pai de Bella, tinha espalhado a noticia por Forks que ele havia caído de moto.

Nosso relacionamento estava melhor que nunca, praticamente morávamos juntos. Um pouco em cada casa, já que eu não achava certo deixar nem Billy, nem John sozinhos.

Hoje Jacob havia sido escalado para fazer ronda e eu tinha tirado o dia para arrumar a casa para esperar minha prima Aiyana, que chegaria no dia seguinte. Já tinha terminado toda a arrumação e agora estava só e entediada.

–Pai? – meu pai estava sentado em sua cadeira de costume lendo o jornal.

– Sim?

– Eu preciso da caminhonete para ir a Port Angel, quero comprar algumas roupas novas! – o fato de que Jacob estava reduzindo meu guarda-roupa a praticamente zero era uma informação que eu achava não necessário compartilhar com meu liberal pai.

– Precisa de dinheiro?

– Não pai, pode deixar! – ter uma mãe ausente tinha alguma vantagem, já que ela tentava compensar a sua falta com um cartão de crédito sem limites que eu quase nunca usava.

– A chave está na mesa da cozinha! Não corra demais! –ele disse rindo.

– Pode deixar, eu não pretendo voltar a pé.– Eu adorava velocidade, mas o fato da caminhonete de John não atingir mais de 70 km deveria deixar meu pai tranqüilo. Eu odiava aquilo, mas há algum tempo estava tentando usar a consciência culpada de minha mãe para ver se ela me daria um carro de presente de aniversário adiantado. Então toda vez que eu enviava um e-mail para Lilian, contando da minha vida, eu incluía uma reclamação aos atributos físicos do veículo de meu pai. Pelo último e-mail de resposta dela a idéia tinha finalmente brotado em sua cabeça. Então eu também aproveitaria a viagem para dar uma olhada em um anuncio de um Chevy Impala 67. Jacob iria me odiar por deixá-lo fora desta, mas como o carro era pra mim, se eu o levasse junto quem acabaria escolhendo seria ele. – Pai na verdade preciso de uma carona! Se eu precisar depois eu peço para um dos garotos me buscar.

– Ok ! Vamos lá então. – meu pai disse atirando o jornal sobre a mesa.

Meu carro era lindo com capota elétrica, câmbio automático, amarelo por fora e o interior todo preto. E ele voava! Coloquei a mão no banco lateral procurando minha bolsa no meio das sacolas de roupas novas que havia comprado. Enfiei a mão dentro da bolsa sem tirar os olhos da estrada e tirei meu celular discando o número 1 na discagem rápida. Atenderam no terceiro toque.

– Alô?

– Oi Billy!

! Onde você anda?

– Eu já estou indo pra casa, Billy! – incrível como Billy já me achava parte da família.– Jacob já chegou?

– Ainda não, mas você não vai demorar não é?

– Estou entrando em La Push.

–Ok, então. Até logo!

– Até! – Apertei END.

Estacionei na frente da porta. Billy olhou pela janela e logo já estava parado na varanda.

– Mas que beleza!

–Lindo não é, Billy?

– Vou poder dar uma voltinha mais tarde?

– Mas claro Billy. Será que ele vai gostar? – incrível como tudo na minha vida agora, era entorno de Jacob. Até as roupas que comprara mais cedo eu havia feito pensando no que ele gostaria. Inclusive as dezenas de lingeries. Pena que a vida delas seria tão curta.

– Ele vai adorar.Talvez não demonstre no inicio,já que não foi ele que escolheu.

Esperei encostada no capô com os braços cruzados sobre o peito, olhando para a floresta onde eu sabia que ele sairia.


Jacob saiu logo após, correndo de cabeça baixa. Só de bermuda preta e tênis. Meu coração disparou com a visão, mas eu respirei fundo tentando me concentrar. Ele levantou os olhos, abrindo meu sorriso-de-sol. Eu não resisti e sorri de volta. Ele parecia não ter visto no que eu estava apoiada. Eu dei dois passos em sua direção e ele me ergueu pela cintura me girando no ar, colocando sua boca na minha. Toda a minha corrida para ter o timing perfeito e ele nem repara no carro, só em mim! Isso não me deixou nada triste!

– Que saudade, minha menina! – ele me disse quando nossos lábios se desgrudaram. Eu já nem me lembrava mais do carro.

– Eu também estava morrendo de saudades.

Ele pegou minha mão para me guiar até a casa, quando parou. Os olhos que estavam fixos no carro vieram para mim e para o carro de novo.

–O que é isso?– ele perguntou atônito.

Isso! – eu falei fingindo estar irritada – Isso é meu novo bebê! – e alisei o capô reluzente com a mão.

– Sério! – Jacob tinha a expressão de uma criança em manhã de Natal!

– Amor da minha vida! Quer dar uma voltinha?

– Claro! – ele falou estendendo a mão.

Eu o encarei tentando não rir.

– Nem pensar! O carro é meu e eu dirijo!

– Por favor! – ele pediu com carinha do gatinho do Shrek.

Quem resiste?

– Chantagista! – e a chave foi para a mão dele.

oOo

Estávamos dentro do meu carro estacionados no acostamento de uma estrada lateral ouvindo música. A vista do pôr-do-sol era deslumbrante, mas eu tinha meu sol particular dentro do carro, e a beleza dele era superior. Eu ouvia meu namorado-amor-da-minha-vida-alma-gêmea falar dos tipos de acessórios que ele iria instalar ali.

O jeito que ele falava, com nomes técnicos das peças e tentando ilustrar melhor com gestos, para ver se eu conseguia visualizar o que eu não tinha nem idéia do que era e muito menos pra que serviria, me fazia pensar se eu precisaria de um cromossomo Y para poder entender desse assunto. Mas ele falava tão concentrado e com tanta empolgação que eu ficaria dias ali ouvindo e não iria me importar nem um pouco.

– Você me prometeu,se lembra?

Me espantei com a pergunta tão fora de contexto e remexi a minha memória pra saber que horas ele trocou de assunto que eu não havia percebido.

– O que?

– Você prometeu me mostrar o que você sentia desde o Brasil, Se lembra?

Eu havia mesmo prometido, mas rezava para que ele tivesse esquecido do assunto. O que pelo visto não fez.

– Quando você quiser.

– Agora!

–Agora?– olhei em volta procurando algum lugar escondido, ou ele achava que ninguém iria reparar em dois lobos enormes ao lado da estrada.

Ele ligou o carro, o manobrando para entrar em outra estradinha que descia a lateral da encosta. Andando até que ela virasse uma trilha que seguia floresta adentro. O carro parou.

Comecei a enrolar para sair do carro. Não estava com pressa de mostrar como por um bom tempo fui idiota. Ele já havia aberto a minha porta, impaciente. No que fechei a porta ele me pegou pela mão e praticamente me carregou floresta adentro.

Vagarosamente comecei a tirar minhas roupas, ele já tinha tirado as dele e se transformado quando eu terminei. Tentava me concentrar para pensar só nos fatos importantes, os embaraçosos eu tentaria editar. Me curvei para frente e já cai nas quatro pastas. Incrível!

É, você incrível!

Cala boca Jake!
Falei sem jeito

Eu me aproximei colocando minha cabeça grande em baixo do seu focinho. Comecei lembrando da minha infância feliz em La Push ao lado dele. No dia em fui embora e a última visão que tive foi dele correndo atrás do carro. Quando cheguei em Forks, a felicidade que eu sentia sabendo que eu iria revê-lo. Me lembrei da festa, os garotos me recebendo e eu me sentindo como se finalmente estivesse chegado em casa depois de muito tempo longe, mas a decepção por ele não ter aparecido. Passei para a cena do nosso reencontro, dele dependurado em minha janela. Nosso primeiro beijo. A minha transformação que eu só consegui me controlar porque sentia ele comigo. O beijo na floresta e como foi ruim quando ele me rejeitou. A felicidade de quando ele me pediu em namoro. As conversas de Sam me dizendo que eu estava sendo idiota. A dor de ver ele ao lado de Bella na noite da festa no penhasco. O dia da briga e como eu me segurei para não me atirar nos seus braços. A nossa primeira vez. Em como eu me sentia porque ele não dizia que me amava. Noite do acampamento em que eu esperava que ele me telefonasse e como fiquei vendo a cena dele dentro da barraca pela cabeça de Seth. Eu decidindo que o que importava era a felicidade dele em relação a minha. A luta. Ver ele caído a dor de pensar que o tinha perdido era insuportável. Quando ele acordou e disse o meu nome. Eu achando que não era justo impor que ele e Bella se afastasse e ele duvidando dos meus sentimentos. A raiva e a dor misturados. A briga no carro e como a reação dele me machucou. Como eu não consegui ir para longe dele. A hora em que o vi saindo da caminhonete. A praia, quando ele me disse que me amava e como tudo ficou bem depois. O pedido de noivado meio que forçado. Ele me tocando. A certeza de que ele me amava. A minha felicidade sem limites em que eu estava vivendo agora. Tudo perfeito.

Jake roçou seu focinho na minha cabeça e um Eu te amo! forte surgiu na minha mente.


Ah por favor! Vocês estão me deixando enjoado A voz de Paul surgiu em nossas cabeças. Ele estava vigiando os limites junto com Jared. Jacob rosnou.

Jake se afastou e se transformou colocando as bermudas e eu continuei ali deitada sobre as minhas patas o observando com meus olhos mais aguçados. Ele era mais lindo ainda, se isso era possível. Ele passou a mão sobre meu pêlo prata e eu fechei meus olhos. Absorvendo a minha felicidade.

– Você é linda de todos os jeitos!

Eu me afastei para poder me transformar. Muito mais leve, agora ele sabia de tudo e tinha visto pelos meus olhos. Me vesti e fomos de mãos dadas até o carro.

Cheguei em casa depois de deixar Jacob na porta da casa de Billy, eu ainda tinha que mostrar o meu carro novo para meu pai. Ele estava sentado na mesa de costas para a porta.

– Oi pai, quer ver meu carro novo? - perguntei largando as sacolas de roupas recém compradas no sofá.

– Claro! Mas antes eu queria te mostrar algo!

Sentei na cadeira à sua frente, só assim percebi seu rosto sério. Ele me empurrou um envelope perolado. Não precisei nem olhar para saber do que se tratava. Se eu tinha recebido, provavelmente Billy também. Sai correndo porta a fora, nem pensei no carro, correndo chegaria mais rápido.



Abri a porta sem bater. Jacob estava sentado à mesa com um envelope desdobrado na mão. Billy estava a sua frente e me olhou sério. Jacob não desviou os olhos da mesa. Eu fiquei parada no batente da porta, As mãos dele tremiam e apertavam com força a borda da mesa forçando os nós dos dedos na pele.

– Jake, nós só temos essa mesa. – Billy falou.

Dei dois passos e pousei suavemente minha mão sobre a mão direita de Jake. Ele olhou as nossas mãos juntas e imediatamente parou de tremer. Devagar soltou a borda da mesa, mas sem tirar a mão de sob a minha, ficou ali encarando nossas mãos por um tempo. De repente ele jogou a cadeira para trás levantando em um pulo saiu, só parando para socar a parede deixando uma marca em forma de circulo irregular. Eu continuei parada sem ação. Não queria forçar minha presença indo atrás dele. Ele deu meia volta rápido, totalmente transtornado.

–Vem, !

Eu fui. Corri o alcançando e abracei sua cintura. Jacob enterrou seu rosto nos meus cabelos, seu rosto contraído em agonia. Levantei o rosto de seu peito para olhá-lo nos olhos. Jake estava sofrendo e isso pra mim era insuportável.

– Eu fiz de novo, não foi?– falou com seu queixo contraído.

Eu não entendi sua pergunta.

– Fez o que Jake?

– Eu te magoei!

Então eu entendi. Ele não sofria pela Bella, ele sofria porque a reação dele com o que quer que estivesse escrito no convite, pudesse ter me magoado.

– Não, não Jake! – coloquei minhas mãos no seu rosto contraído – Eu só não posso te ver sofrendo isso me faz mal. Eu estou totalmente segura sobre você. Você não esta me magoando.

Ele olhou bem dentro dos meus olhos como se procurasse algo ali que confirmasse o que eu dizia. E com um suspiro aliviado seus lábios tocaram nos meus, primeiro devagar mais depois eles se tornaram mais urgentes. Eu sentia seu gosto na minha língua aumentando a minha respiração. Nós estávamos de pé na varanda de Billy e o barulho das rodas da cadeira se aproximando, fizeram com que a nossa intensidade diminuísse. Nada no mundo me faria me cansar dos beijos de Jacob Black!

Nós dois entramos em casa de mãos dadas sob os olhares ansiosos de Billy. Jacob pegou o bilhete da mesa e colocou na minha mão. Eu não tinha certeza se queria ler aquilo, mas ele ainda não estava bem, então eu o fiz.


Jacob,

Eu estou quebrando as regras ao te mandar isso. Ela está com medo de te magoar, e ela não queria que você se sentisse obrigado de forma alguma.
Mas eu sei que, se as coisas tivessem acontecido de outra forma, eu teria gostado de ter a escolha.
Eu prometo que tomarei conta dela, Jacob. Obrigado - por ela - por tudo.
E C.



-Eu me sinto como se estivesse deixando minha irmã ser levada por um assassino.

Devolvi o pequeno papel e passei a mão que não estava presa a sua, por sua cintura.

– Jake, não precisa se sentir assim!- falei.

– Como não, ! E outra, o tratado vai ser rompido, isso significa guerra!- ele disse seco.

– O tratado não falava em escolha, Jake. Ela não é uma vítima!- rebati.

– Isso não conta!- ele falou irritado

– Você atacaria os Cullens, a Bella, Jake?- indaguei.

– Eu não tenho escolha, Sam não vai aliviar.

Eu estava pisando em campo minado, sabia que isso podia ter uma conseqüência grave, mas eu tinha que continuar.

– Pois eu acho que está na hora do líder de fato assumir. – Eu larguei a bomba e esperei a explosão.

– Isso não está em discussão! – ele estava furioso de novo.

– Mais dia ou menos dia vai ser inevitável! – Billy falou vindo ao meu socorro – Você vai ter que assumir a responsabilidade. Está no seu sangue, Jake!

Jacob nos observava com os olhos semi-cerrados, ele estava muito tenso. Se eu não soubesse que Jake tinha auto controle agora, eu podia jurar que ele iria explodir em lobo, ali bem no meio da sala.

– Eu vou pra casa.– falei passando a mão no ombro de Billy.– Te vejo mais tarde, Jake! – ele não se mexeu, só seus olhos me acompanhavam.

Comecei a correr na escuridão da noite, assim que meus pés tocaram o gramado. Ficar longe de Jacob me fazia mal, mas ele precisava da um tempo. A chuva caia molhando minhas roupas, encharcando meu cabelo, mas eu não me importava, ele precisava esfriar a cabeça e eu também. A chuva me ajudava a fazer isso.

Jantei rápido com meu pai, não queria conversar e ele percebeu. Não eram nove horas da noite quando eu subi para o meu quarto. Atirei a sacola de roupas no canto. Coloquei os fones do meu iPod e aumentei o volume. Comecei a me concentrar na música tentando limpar qualquer resquício da discussão com Jacob. Eu já estava totalmente viajando na batida romântica, já estava quase adormecendo quando senti o corpo quente de Jacob se apoiando em cima de mim. Eu tirei os fones dos ouvidos e a musica começou a escapar deles baixinha. Jacob ainda estava sério. Ele colocou a mão no meu rosto, o que fez com que eu fechasse meus olhos por alguns segundos ao sentir o calor de sua mão na minha pele. Seu rosto estava a centímetros do meu, mas não tomou iniciativa, só ficou ali, me olhando. Seu hálito queimando meu rosto me deixando com água na boca.

– Estou perdoada? – ele sorriu aproximando mais sua boca na minha, mas continuava somente me olhando. – Jake, para de ser mau! – choraminguei. Ele começou a passar o nariz no meu rosto, seu corpo totalmente em cima do meu me deixando louca. Eu virei à cabeça para o lado deixando mais espaço no meu pescoço. Ele somente passava o rosto descendo pela linha do meu queixo, aspirando meu cheiro. Minha respiração estava ofegante. Mas eu queria mais, mais Jacob. – Jake, por favor! Não me tortura assim!– então ele pousou sua boca na minha devagar. Mas o ritmo do beijo foi aumentando de acordo com as batidas dos nossos corações. Jake se afastou para tirar a camiseta que usava depois deitou de lado me puxando com ele. Uma das suas mãos foi para a minha nuca, entrelaçando os dedos nos meus cabelos. A outra puxava a minha cintura, colando mais os nossos corpos. Ele desceu a boca para meu pescoço, me deixando respirar.

– Você está perdoada. – ele falou com a sua voz rouca, contra a minha clavícula.

– É, eu percebi. – falei rindo. Ele deslizou a mão da minha cintura por baixo da minha blusa. –Jake, meu pai ainda está acordado!– Ele parou os beijos. Eu só sentia sua respiração ofegante no meu ouvido me deixando mais arrepiada.

– Você me deixa louco, sabia?– ele disse me fazendo rir, era bom saber que não era a única a perder a noção quando estávamos juntos.

– Jake, você acha que isso vai acalmar algum dia?

– Eu duvido muito. – ele disse me dando um beijo na testa.

– Mas, os Cullens vão embora em breve e nossas vidas vão voltar ao normal. Nós vamos envelhecer! – a angustia aparecendo na minha voz.

– Acho que não precisamos pensar nisso por um tempo! – Ele disse tentando me acalmar. Eu concordei em silêncio, mas alguma coisa me incomodava. Uma dor começou a crescer no meu peito. De repente uma vida toda junto a ele me pareceu pouco tempo.

Nós ficamos abraçados, enquanto ouvíamos a tv ligada no andar de baixo.

FIM DA PRIMEIRA PARTE














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