sábado, 17 de março de 2012

FANFIC Caixa de Lembranças por Fernanda B. @belrfit #One-shot -

Caixa De Lembranças 
Tudo que Bella mais amava tinha passado por ali.


Os saltos azul-marinho soavam pelo asfalto molhado da pequena cidade. As pessoas não faziam barulho suficiente para encobrir os pequenos ruídos. Mas ela preferia assim. Ainda se lembrava da última vem em que havia estado aqui, com seus velhos All Stars e sua calça jeans confortável. Nada parecidos com a elegância do vestido cinza-grafite que ela vestia agora. Mas tudo fazia parte do personagem. Bella não poderia simplesmente aparecer aqui vestida como uma garota de dezessete anos. Mesmo que o seu corpo tivesse parado de envelhecer aos dezoito.

Agora ela era, para os cidadãos de Forks, uma escritora reclusa que buscava a calmaria que somente aquela cidade dispunha, fazendo uma curta visita. Alguns olhares a acompanhavam enquanto ela andava pela calçada. Aproveitando a deixa, Bella esfregou seus braços como se procurasse um pouco de calor no atrito – algo que uma pessoa que sentisse frio certamente faria.

Nunca poderia deixar de representar o seu papel.

A cidade estava praticamente igual à última vez que ela a vira. A delegacia onde Charlie trabalhava ainda era a mesma, a não ser pela tinta da parede que descascava. Aquilo mostrou quanto tempo tinha se passado. Charlie já não vivia mais. Mas – e aquilo era o consolo de Bella – sua velhice tinha sido a melhor coisa que um ser humano poderia ter. Povoada com momentos felizes ao lado da mulher que ele havia passado a amar, Sue. Eles tinham sido felizes. E isso foi a felicidade de Bella.

Quando o resquício de Sol que pairava no Céu se foi e a maioria da população já se encontrava dentro de suas casas com o aquecedor ligado, Bella tirou os seus sapatos e começou a correr. No caminho, passou por sua ex-casa, locada para um casal amável com três filhos. Seu coração inerte foi aquecido pela cena familiar. Mas não ficou muito ali, querendo ir para outro lugar. Ela correu mais.

E depois ela já estava em sua clareira. Que continuava igual. As mesmas flores. A mesma atmosfera. O mesmo orvalho. O mesmo ar úmido. Os mesmos sentimentos. Ela deixou o seu sapato de lado e aproveitou para tirar as luvas e o casaco pesado que vestia. Estava somente com o seu vestido. A brisa passava suavemente por sua pele fria, como se lhe desse boas vindas.

Bella estava se sentindo em casa. Em Forks.

No lugar onde ela havia conhecido o amor de sua vida. Onde ela conheceu o seu melhor amigo e as pessoas mais incríveis do mundo. Angela e Ben, e até Jessica e Mike. Onde ela havia vivido os melhores momentos de sua vida, que se estendiam até hoje. Apesar de apagadas como memórias humanas, as lembranças pareciam frescas em sua mente.

Bella havia amado ali. Havia casado ali. Ela havia tido uma filha. Seu pequeno bebê. Conseguiu ela construir a base para o seu futuro ali. Tudo, ali. Cada momento especial, de novo e de novo. Os mais importantes. Forks.

Sem se conter, Bella dançou suavemente pela clareira, relembrando tudo o que merecia ser relembrado inúmeras vezes e mais.

"Você me parece cada vez mais linda em seu esplendor", uma voz atrás dela sussurrou. A voz de seu marido, Edward.

Ela se virou para ele, sorrindo. "Você se lembra?"

Edward correspondeu ao sorriso. "Não seria possível esquecer." Ele andou até ela e rodeou-a com seus braços.

Bella suspirou, aproveitando o contato. "Só mais alguns anos e já será seguro voltar novamente para ficarmos, não é?"

"Claro, coração." Ele afastou uma mecha do cabelo avermelhado do rosto dela. "Logo, eu prometo."

"Sinto falta daqui", murmurou.

"E das pessoas que um dia viveram aqui", ele adicionou compreensivo.

"Sim." Bella cedeu. "É inevitável." Deu de ombros, franzindo o nariz.

"Sente-se triste?" Edward queria a verdade. Não que ela protegesse seus sentimentos.

"Possivelmente só muito nostálgica." Ela deu um beijo no maxilar rígido dele, que relaxou. 


"Aqui vai ser para sempre o nosso lugar, Edward." O líquido dourado de seus olhos cintilou.

"Para sempre", ele concordou.

Forks era uma das maravilhas desconhecidas do mundo. Mas era assim que ela gostava. Porque, enquanto fosse desconhecida, Bella poderia considerá-la sua. Uma caixa de lembranças viva. Palpável.


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