segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Overcoming - Capítulo 1 / por @ellymartins



Capítulo 1
Bella POV
Olhei pela janela e suspirei, satisfeita por não ver aquela chuvinha desagradável. O dia estava agradavelmente quente, apesar do sol pálido. Teria que aproveitar já que nem sempre podia contar com isso. E graças... Hoje, era sexta feira. Meu estado de espírito se alegrou levemente, embora eu gostasse dos dias de semana, assim passava horas na faculdade que eu amava.
Estou cursando o último período de administração e já estou pensando no que fazer depois disso. Provavelmente irei me especializar já que não me vejo fora da faculdade. Parece que aqui é meu recanto.
Estou com vinte e dois anos e ainda moro com meus pais e meus irmãos. Óbvio, nem poderia ser diferente. Como eu iria me virar sozinha?
-Ta voando hoje hein Bella?
Jéssica falou ao meu lado já jogando meus materiais na bolsa.
-O que está fazendo louca?
-Estou há horas te chamando. Acabou a aula.
Bufei e balancei a cabeça. Geralmente eu não era tão dispersa na aula. Apressei-me em terminar de arrumar os livros, já que eu dependia da carona de Jéssica para voltarmos a Forks.
Joguei minha bolsa no ombro e estiquei a mão pegando as muletas que Jéssica me estendia.
-E então... Vamos ao pub hoje?
-Com certeza. Ficar em casa em plena sexta feira é o fim da picada.
Jéssica andava ao meu lado devagar para acompanhar meu ritmo. Eu me sentia incomodada com isso às vezes, afinal as pessoas eram forçadas a acompanharem meu ritmo.
-E as meninas irão também?
-Tanya com certeza irá, mas Rose eu não sei. Arrumou um novo paquera ai...
-Aposto que é um dos gostosões que se mudaram recentemente.
Franzi meu cenho ao ouvir as palavras de Jéssica.
-Sim. Emmett Cullen.
-Você já os viu?
-Somente o Emmett. A Rose já me apresentou a ele, meu “cunhado”. Parece ser gente boa.
- E é bonito mesmo?
-Sim. E muito simpático.
- Mas Lauren já viu o outro... Disse que é um Deus.
Eu ri apoiando uma das mãos na porta do carro que Jéssica abria pra mim.
-Tudo que usa calças pra Lauren é um Deus.
-Agora você disse uma verdade. Nunca vi tão vadia.
Nós rimos alto. Lauren já estava acostumada a nos ouvir chamá-la de vadia e nem se importava. Dizia apenas: eu sou mesmo. Eu falava isso na brincadeira. Era maior de idade, dona do próprio nariz, o corpo era dela... Poderia fazer o que bem entendesse. Lógico que galinhar muito era meio... Bom... Deixa pra lá.
-Seu irmãozinho delícia também vai Bella?
-É provável Jéssica. Sabe como Jasper é em relação a mim.
-Eu sei. Protetor demais. Por isso que nenhum dos rapazes chega até você.
Torci meus lábios sarcasticamente.
-Você sabe muito bem por que eles não se aproximam.
-Você sabe que não é por isso. Todos gostam de você Bella. É linda, simpática, alegre. Você que se esconde atrás dessas...
-OK...
Eu falei alto demais interrompendo Jéssica. Todos pensavam que eu espantava os rapazes. Ou então colocavam a culpa na superproteção do Jasper, mas eles não sabiam toda a verdade. Apenas meus irmãos sabiam disso, afinal foram eles me consolaram quando Mike me disse aqueles horrores.
Mike era primo de Jéssica e um amigo. Chegamos a namorar um tempo e eu gostava realmente dele até descobrir que ele me traía com Victória. Foi um choque realmente. Ele sempre me tratou tão bem, cheio de dengos e carinhos. Mal acreditei quando ele me disse o motivo da traição.

Flashback On
-Eu sou homem Bella. Eu tenho minhas necessidades... Preciso me satisfazer.
-Está me dizendo que me traía por causa de sexo?
Eu o confrontei tão logo tive a prova da sua traição. E ele me respondeu assim... Na maior cara dura.
-Exatamente.
-E por que não comigo que sou sua namorada?
-Com você Bella? Olha... Eu te adoro... Você é linda... Mas sexo? Como?
-E como se faz sexo Mike? Eu sei abrir minhas pernas!
Aquele sorriso sarcástico foi o que me matou. Acho que eu não merecia isso.
-E será sempre assim? Papai e mamãe? Eu gosto de variar posições Bella. Você ficará de quatro pra mim? Quando você irá conseguir se sentar sobre mim e me cavalgar do jeito que eu gosto?
Não falei mais nada. Eu não teria condições. A partir dai acabou o namoro. Às vezes nos falávamos, mas nem a amizade foi à mesma. E desde esse dia eu me fechei para romances. Nada de namoros. Eu estava muito bem assim.
 Flashback Off

Continuamos nossa viagem de volta a Forks cantarolando as músicas que tocavam no CD, já totalmente esquecidas da conversa desagradável.
O dia sem chuva ajudava no percurso fazendo Jéssica enfiar o pé no acelerador. E eu adorava isso. Abri a janela sentindo o vento no rosto, alguns fios de cabelo se desprendendo do rabo de cavalo e caindo sobre meu rosto.
Nem vi o tempo passar. Rapidinho Jéssica estacionava em frente a ampla casa verde onde eu morava.
-A que horas devo passar aqui?
-La pelas oito?
-Acho que está bom né? Vamos detonar hoje.
-Pelo amor de Deus... Leve alguém que possa dirigir na volta.
-Eu sempre faço isso e você sabe.
-É verdade, mas não custa reforçar. Até mais então.
-Até.
Ela arrancou cantando pneus e eu ri caminhando até a entrada. Logo minha mãe aparecia com o rosto sorridente de sempre, limpando as mãos no avental. Era uma mulher ainda jovem e linda, com seus cabelos loiro morango.
-Oi mãe.
-Oi querida. A Jéssica está com pressa hein?
Ela se referia a cantada de pneus provavelmente.
-Sabe como ela é.
Pegou minha bolsa fechando a porta após minha passagem.
-Quer que eu coloque seu almoço? Ou prefere descansar um pouco as pernas?
-Prefiro almoçar. Depois eu descanso sem esse trambolho.
-Não fale assim filha... Deixa-me triste.
-Não é por mal mãe.
Eu precisava aprender a trancar a boca. Sei que minha mãe se sentia culpada e eu não queria isso. Ela não teve culpa... Ninguém tinha na verdade. Por mais que às vezes eu esbravejasse com Deus... Isso foi uma fatalidade.
Sentei-me para almoçar e minha mãe se sentou à minha frente.
-Onde estão todos?
-Tanya está no quarto. Jasper no trabalho e Rose saiu. Agora arrumou aquele namoradinho.
-Hum...
-Parece ser um bom rapaz.
-Ele veio aqui?
-Sim. Veio buscá-la.
-Ele é gente boa. Gosto dele.
-Realmente me pareceu um rapaz decente... Por causa da conversa. Mas sei lá... Olhando aquele tamanho todo...
-Olha o preconceito dona Rennée.
Ela suspirou.
-E você? Quando vai trazer um gato para conhecer a mamãe?
-Ai... Sai fora mãe. Não quero saber disso.
-Como não? Você é linda. Deve ter um monte de rapaz querendo namorar você.
-Mãe! Ninguém quer uma namorada cheia de limitações.
-Você não é cheia de limitações. Pelo contrário. É maravilhosa, cheia de vida e...
-E deficiente! Isso basta para espantar qualquer um.
Falei jogando o talher sobre o prato e me levantando. Eu ficava irritada ao falar disso. Não queria magoar minha mãe, mas ela sempre vinha com esses assuntos. E não era culpa dela... Afinal eu nunca contei o que aconteceu comigo e Mike.
Fui para o meu quarto e me sentei, jogando as muletas de qualquer jeito. Tanya entrou no mesmo instante se ajoelhando a minha frente.
-Oi. Já vi que está nervosa.
Falou enquanto me ajudava a tirar a bota e o aparelho da perna.
-Mamãe com aquele papo de namorado de novo.
-Mas você deve admitir que nem todo mundo pensa como o traste do Mike.
-Ah não Tanya... Você também não. E ai? Vamos ao pub hoje?
-Vamos, com certeza. Rose me prometeu que vai me apresentar ao irmão do Emmett.
-Ih... Namoro duplo?
-Quem sabe? Eu o vi Bella. Meu Deus... Que pedaço de mau caminho.
-Invista então.
-É o que farei. A que horas iremos?
-Combinei com a Jéssica as oito.
-Ótimo. Vou com vocês. Sei que vão encher a cara mesmo e eu não vou beber. E você também não deveria, afinal amanhã tem compromisso cedo.
Fiz uma careta. Não sei por que insistiam para que eu fosse naquela associação. Não tinha nada a ver comigo. Só por que eram deficientes? Não tínhamos nada em comum, além disso. Mas minha mãe era muito amiga de Billy Black, fundador daquilo ali. E fazia trabalhos voluntários também. Acabou me arrastando junto.
-Tudo bem. Vou descansar um pouco.
Puxei uma das pernas e Tanya me ajudou, colocando a outra sobre a cama.
-Eu te chamo mais tarde.
-Tudo bem.
Acomodei-me de lado e fechei os olhos, dormindo tão logo Tanya fechou a porta.

 Edward POV

Não consegui segurar um bocejo enquanto aguardava pelo Emmett sentado num canto escuro do pub. Na verdade eu preferia estar enroscado em minha cama, lendo um livro qualquer ou ouvindo música. Estava cansado, mas Emmett insistiu tanto que somente dessa vez eu resolvi ceder. Estávamos morando em Forks há um mês e o vadio já tinha arrumado uma namorada, se esquecendo completamente da sua grande paixão que foi Kate. Pelo menos ele dizia que era. Mas pelo jeito a tal Rose o fisgou de jeito. O cara andava todo babão. E fazia questão de me apresentá-la hoje, já que quando a levou em casa eu não estava.
Andava ocupado demais terminando de montar meu consultório de psicologia em Port Angeles. Acho que Forks não tinha muita demanda pra isso, então resolvi que seria lá. Na verdade eu gostaria de fazer esse trabalho numa escola infantil. Passei mais de um ano fazendo estágio e simplesmente adorava trabalhar na área de educação. Quem sabe daqui a um tempo, quando estivesse mais conhecido em Port Angeles eu não conseguisse uma escola para trabalhar? Seria o máximo!
Consultei o relógio mais uma vez. Quase nove da noite. Nesse mesmo instante meu celular vibrou. Uma mensagem da minha irmã Alice que chegaria no dia seguinte. Esperou terminar sua faculdade de Biomedicina para vir para Forks.
Não entendia porque meu pai escolheu justo essa cidade no fim do nada. Mas segundo ele, que era médico... A cidade precisava de bons profissionais. Talvez fosse verdade. E também não estava reclamando. Aos vinte e seis anos eu ainda estava agarrado na saia da mãe. Não sou como o Emmett que adora sair e arrumar milhões de namoradas. Não que eu não saia ou não goste de mulheres. Mas eu prefiro a qualidade ao invés da quantidade.
E ainda não encontrei aquela que faria minha pulsação acelerar nem minha mente vagar imaginando minha vida ao lado dela. Sei lá... As vezes acho que jamais encontraria. Todas pareciam ansiosas demais por diversão ou muito sexo. Longe de mim ser machista, mas todas que encontrei até hoje tinham muito hormônio, muito anca e peito e pouco cérebro.
Prova disso era uma tal Laura, Loren... Ou sei lá que nome tinha. Estava a apenas três dias em Forks quando a encontrei no posto de gasolina. A morena só faltou baixar seu decote e pular em mim. Mas que depressa abasteci o volvo e me afastei sob os olhares incrédulos dos homens ali presentes. È... Talvez eu fosse mesmo uma aberração. Mas tudo que era fácil ou vulgar demais não tinha encanto algum pra mim.
Virei o restante do uísque e olhei para os lados já começando a me irritar. Onde aquele maldito havia se enfiado? Corri novamente os olhos pelo pub até que avistei uma mesa barulhenta. Vários homens e mulheres se divertindo, bebendo, rindo, fumando. Mas uma pessoa em especial me chamou atenção. Uma mulher... Longos cabelos soltos pelos ombros... Linda. De onde estava eu podia vê-la só parcialmente, já que estava altivamente sentada.
Acompanhei quase hipnotizado sua ação de levar o copo até os lábios suculentos. E dessa vez eu senti... Minha pulsação acelerar e o sangue correr feito fogo em minhas veias. Deu uma longa tragada em seu cigarro, o que me desagradou um pouco. Não gostava muito de mulheres fumantes... Tampouco homens. Mas seu gesto foi no mínimo... Sexy.
Ajeitei-me melhor no banco alto sem deixar de observá-la. O cara ao lado dela disse algo que a fez gargalhar. A zoeira do lugar não me permitiu ouviu o som da risada, mas eu fiquei ainda mais fascinado. Não só por ver como ela ficava ainda mais linda sorrindo, mas por notar que ela... Chorava. Sim... Ela chorava de rir. Eu amava isso numa mulher.
E entendi que eu precisava conhecê-la. Alguma coisa me puxava pra ela. Eu mal conseguia respirar e sentia minhas mãos tremendo só de me imaginar me aproximando dela. Nem dei atenção ao meu celular que tocava insistentemente. Eu só via aquela mulher.
Mas então eu vi... Um homem muito alto e forte se aproximando por trás dela e dando um beijo em sua bochecha. Ela se virou ainda rindo e ergueu a mão até o pescoço dele. Senti um baque, como se meu coração quisesse parar. Aquele homem era simplesmente Emmett, meu irmão. Então... Aquela só poderia ser sua namorada... Rose.
Ótimo... Perfeito Edward. Ha tempos você não se interessa verdadeiramente por alguém. E quando isso acontece é justo pela namorada do irmão? Girei de costas sem querer continuar presenciando aquela cena. Tirei algumas notas da carteira e depositei sobre o bar saindo em seguida. Depois eu inventaria alguma desculpa pra ele.
Já estava na saída do pub quando uma loira escultural interceptou meu caminho.
-Olá.
-Oi.
Falei já querendo me afastar.
-Edward não é?
Franzi meu cenho.
-Sim.
-Prazer. Sou Tanya... Irmã da Rose. Pelo visto está de saída. Se for companhia que lhe falta...
Aceitei a mão estendida sem querer acreditar na minha falta de sorte. Eu queria muito uma companhia nessa noite. Só percebi isso depois de ter visto a morena. Mas como era impossível... Aceitei a oferta. Talvez assim eu descobrisse mais sobre Rose. E seria boa uma ajudinha dos céus para que ela não estivesse tão afim do Emmett.

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