terça-feira, 27 de setembro de 2011

Sol e Chuva - Capítulo 8




Capítulo 8



- Achei que tinha se perdido! – meu pai disse ao me ver entrar na loja.

- Quase! – respondi secamente.

- Voc̻ me parece cansada! Eu disse que Sam iria te arrancar o couro. Рele disse baixinho antes de me dar um beijo na testa. Suspirei. Quem me dera que Sam fosse meu maior problema. РFilha, esse ̩ Christian Bale, ele vai te explicar tudo que voc̻ precisa saber. РSorri para o garoto loiro de olhos verdes, que aparentava uns vinte e pouco anos.

- Prazer Christian. Рapertei a ṃo do garoto.

- Prazer . – ele respondeu sorrindo.

- Agora que vocês estão apresentados, - meu pai disse. – vou dar uma saída. Não sei se volto cedo.

- Pai, não se esqueça que tenho que sair um pouco mais cedo hoje.


- Sem problema, . O Chris fecha a loja. Não é Chris?

- Claro Sr. Raindrop. – o garoto respondeu.

- Muito bem Christian, sou toda ouvidos! – falei para o garoto depois que meu pai saiu pela porta.

- Pode me chamar de Chris, . – ele me disse piscando um olho.

- Pode me chamar de , Chris. – o imitei.

Passamos a tarde catalogando e revendo cada tipo de anzol e isca que se podia imaginar. Nem em cem anos eu conseguiria gravar tudo, nunca pensei que podia existir tanta variedade. Comecei a pensar se não seria melhor informatizar a loja. Teria que conversar com meu pai sobre isso.

Observei Chris enquanto ele atendia a um cliente. Ele era muito simpático e até que era bonito. Se bem que não fazia meu tipo. Não era tão forte que nem os garotos, mas tinha alguns músculos.

- Voc̻ ṇo ̩ de La Push, ṇo ̩ Chris? Рperguntei quando ficamos sozinhos novamente.

- Sou de Forks. – ele respondeu.

Chris me contou que tinha 23 anos, tinha mais um irmão de 17, que seu pai faleceu quando era muito novo, e ele vivia com sua mãe. Mas como ela não tinha dinheiro para lhe pagar uma faculdade, ele estava tentando uma bolsa de estudos.

Já era mais da metade do expediente quando Embry entrou na loja.

- Oi! – o saudei sorrindo. Eu adorava Embry, ele sempre me fazia me sentir bem.

- Oi! – ele respondeu largando uma caixa em cima do balcão. – Vim te trazer um presente. – Embry abriu a caixa que tinha vários donuts com cobertura de chocolate. Meus olhos brilharam.

- Voc̻ quem fez? Рperguntei pegando um.

- Foi. Рele respondeu com um sorriso presun̤oso. Dei uma mordida. Estava maravilhoso.

- Sério? Está muito bom.

- Na verdade foi a Emily. – ele admitiu.

- Eu sabia. – disse rindo.

- Eu tenho que ir, só dei uma fugida. A loja da minha mãe é a segunda a esquerda. Eu trabalho lá depois da escola.

- Verdade? Então vamos nos ver bastante. – falei e depois tive vontade de morder minha língua. Não queria que Embry achasse que eu queria vê-lo bastante, já que não queria lhe dar esperanças. Ele sorria.

- Amanhã está de pé?

- Sim, tudo certo. – Embry me deu um beijo na testa e se despediu de Chris, antes de ir embora.

- O Call ̩ seu namorado? РChris perguntou.

- Não, só um amigo. – respondi.

Nós já estávamos catalogando os tipos de iscas há umas duas horas. Chris me explicava para que servia cada uma e com que tipo de anzóis elas eram usadas. Enquanto anotava eu mordia um pedaço do donuts. Chris parou a explicação e sorriu.

- Que foi?- perguntei confusa.

Chris se aproximou ainda sorrindo e levantou a mão devagar em direção ao meu rosto. Me esquivei um pouco.

- Calma, só quero limpar seu rosto que está sujo de chocolate. – ele falou com a mão ainda suspensa esperando minha aprovação. Assenti e ele passou a mão no meu rosto suavemente.

No mesmo instante a campainha da porta soou, avisando que alguém havia entrado. Ainda sorrindo me virei para ver quem estava entrando e dei de cara com Jacob com a cara amarrada parado na entrada da loja. Ele usava apenas uma calça jeans e uma camiseta preta que marcavam seus músculos do peito e dos braços. Mesmo vestido tão simples ele era o garoto mais lindo que eu já havia visto. Meu coração acelerou. Por um segundo minha mascara caiu, mas logo recompus minha feição de indiferença.

- O que você está fazendo aqui? – perguntei. Jacob fuzilava Chris com o olhar. Fazendo com que Chris se encolhesse já que ele era muito menor que Jacob. Me posicionei na frente de Chris como se ele precisasse de proteção do olhar de Jacob. – O que você está fazendo aqui? – perguntei novamente já que não tinha obtido resposta.

- Vim te buscar para o nosso encontro. – ele respondeu sem desviar o olhar de Chris.

- Ṇo sei nada sobre esse encontro. Рfalei.

Ele desviou os olhos de Chris e deu um sorriso debochado. – Já está esquecida? Não sabia que esclerose atacava tão cedo. Nós tínhamos um compromisso.

- Eu sei bem que nós tínhamos marcado, mas não era um encontro. Então você não precisa se incomodar, é só me dar o endereço que eu posso ir muito bem sozinha! – peguei a caneta e o caderno que estava anotando e segurei com as mãos.

- Eu disse que ia te levar e eu vou! – ele afirmou fechando a cara.

- E eu disse que posso ir muito bem sozinha! – retruquei.

- Estou seguindo ordens de Sam! Рele disse. Contra as ordens de Sam, eu ṇo podia me opor. Ṇo que eu quisesse me opor a sair com Jacob, mas meu modulo de defesa estava ativado.

- Ok! Voc̻ me convenceu! Рdeclarei vencida. РChris, vou ter que sair agora, voc̻ fecha a loja? Рperguntei me virando para falar com Chris e percebendo pela primeira vez que ele estava quase escondido no meio das varas- de- pesca.

- Cla- claro! – ele gaguejou.

- , acho melhor voc̻ trocar de roupa! РJacob disse.

- Nem vem! Que implic̢ncia ̩ essa com a minha saia? Рperguntei.

- Acho que voc̻ ṇo vai gostar de andar de moto de saia! Рele apontou. Moto!*.*

Ele tinha razão. Se nós fomos de moto minha saia se transformaria em cinto. – Não tem problema, eu trouxe uma muda de roupa. – falei sorrindo. Minha paixão por motos era maior que minha teimosia. – Me troco em um instante.

- Te espero lá fora. – Jacob disse ainda lançando mais um olhar mortal para Chris antes de sair.

Fui no banheiro e coloquei a calça jeans que estava na minha mochila. Sam me alertou o fato de sempre andar com mudas já que poderia me descontrolar e me transformar. Mas até que eu estava me saindo bem com esse negocio de autocontrole.

- At̩ amanḥ, Chris! Рme despedi antes de sair da loja. Quando me virei para procurar Jacob, meu cora̤̣o disparou. Ele estava parado na frente da moto de bra̤os cruzados. Ṇo importa quanto tempo eu passe junto com Jake, meu corpo sempre reagiria como se fosse a primeira vez.







Tentei me controlar enquanto caminhava até onde ele estava. Jacob ainda mantinha a cara fechada.

- Porque você fez isso?- perguntei.

- Fiz o que? – ele perguntou se fazendo de desentendido.

- Por um instante achei que o coitado do Chris iria pegar um molinete na ṃo e se fingir de vara de pesca! Рfalei. Jacob gargalhou alto.

- Foi mesmo. Que mané! E você ainda dá corda pra ele. – ele fez um sinal negativo com a cabeça. - E além disso ele é um pouco velho demais pra você. – ele disse. Revirei os olhos.

- Não sei do que você está falando. Eu não estava dando corda pra ninguém! Agora sai da frente! – o empurrei pro lado o que fez ele me olhar surpreso. – Uma Harley Sprint! – meus olhos brilharam. – Que linda!

- Voc̻ entende de motos? РJacob perguntou com as sobrancelhas juntas.

- Meu padrasto me ensinou algumas coisas. Ele corre de moto e t̻m algumas em casa. Рfalei dando de ombros. Omiti o fato que eu corria tamb̩m.

- Voc̻ me surpreende sempre, sabia? Рele falou divertido.

- Você ainda não viu nada! – sorri pra ele. - Mas ela está bem conservada.

- Eu a reconstruí. – ele disse orgulhoso.

- Verdade? Ficou perfeita.

- É. – ele respondeu fazendo careta, como se estivesse com alguma lembrança ruim. – Vamos?- Jacob disse montando na moto e me dando o capacete. Peguei de sua mão e enrolei o cabelo antes de colocá-lo na cabeça. Jacob ficou me olhando.

- Que foi?

- Achei que teria que brigar pra você usá-lo. -Ele disse.

- Sou eu que tenho que desembara̤ar meu cabelo depois. Рfalei. РVambora!

Só que ao subir na moto, na garupa de Jake, que eu me dei conta da nossa proximidade. Ficar ali tão junto dele, sentindo todo o seu calor e o seu perfume, fez meu coração acelerar novamente. Passei as mãos pela sua cintura, encostando mais meu peito nas suas costas. Jake pareceu sentir algo também, porque sua respiração também ficou ofegante. Ao invés de se inclinar pra frente, Jacob ergueu as costas, juntando mais nosso corpos. Uma de suas mãos ele segurou as minhas. Mas então ele sacudiu a cabeça e voltou a posição normal, inclinado para frente. Ligou a moto e acelerou. Eu fechei os olhos e me abracei a ele, tentando sentir o máximo de Jacob que podia.

Eu ficava completamente confusa com Jacob. Às vezes ele dava todos os sinais de que gostava de mim, pra logo em seguida me esnobar. Eu realmente não sabia mais o que pensar sobre isso.

- Chegamos!- ele disse parando a moto depois de algum tempo. Eu nem tinha percebido o tempo que ficamos andando. Jacob segurou minha mão, me ajudando a descer. Eu tirei o capacete e sacudi os cabelos. Ele me observava.

Esperei que ele descesse da moto. – Você está quieta. – ele afirmou.

- Pensando na tatuagem. Рmenti. Ok, se ele podia fingir que nada tinha acontecido eu tamb̩m podia.

- Está com medo que doa? – ele perguntou. Fiz uma cara de desdém para ele.

- Nós estamos em Port Angeles? – perguntei.

- Sim. –ele respondeu. – Bem vinda a civilização. – ele sorriu e passou o braço pelos meus ombros, me puxando para junto dele. Começamos a caminhar pela rua até uma loja que dizia TATOO, em neon. – É aqui! – Jacob disse abrindo a porta.

- Percebi! – falei sorrindo.

- Jacob! – um rapaz careca, cumprimentou Jake.

- Olá Hank! – eles fizeram um cumprimento com as mãos. – É sobre a tatuagem. O Sam já combinou com você, não foi?

- Claro! É essa a gata que vai fazer?- ele perguntou me examinando.

- Sim essa ̩ a . РJacob disse num tom seco.

- .- corrigi, apertando a mão de Hank.

- Pode entrar, ! Sam já havia me dito que vocês vinham, e eu deixei tudo separado. – Hank disse me encaminhando por uma porta. – Você vai esperar, Jake?

- Vou ficar junto. – Jake respondeu.

- Jacob não precisa, vai demorar um pouco. – falei já me posicionando de lado na cadeira em frente ao Hank que já colocava o transfer no meu braço.

- Eu quero ficar aqui, caso doa eu estou junto com voc̻. РJacob pegou uma cadeira e sentou na minha frente, segurando minha outra ṃo.

Por isso eu me confundia com as atitudes de Jacob, em uma hora ele me irritava até não poder mais, na outra ele era perfeito. Tirando o fato de ter me beijado duas vezes e depois ter fingido que nada tinha acontecido. Eu estava totalmente perdida.

Depois que nos despedimos de Hank, nós caminhamos de mãos dadas em silencio, até a moto. Eu não queria ir pra casa, mas Jake tinha ronda pra fazer. Quando subi na moto, meu corpo já ansiava pelo contato. Jacob acelerou e eu me preparei para absorver máximo de Jake que podia.

Já no contorno de Forks que levava ao litoral, Jacob diminuiu a velocidade.

- , - ele disse virando o rosto pra mim. Рvoc̻ tem que ir direto pra casa?

- Ṇo. Рdisse com meu cora̤̣o acelerando em expectativa.

- Eu preciso conversar com você.

-Ok. – respondi.

Mesmo não indo para casa, Jacob foi em direção a La Push. Ele pegou o caminho diferente costeando a praia, então parou. Eu desci da moto e tirei o capacete o segurando nas mãos. O vento da praia jogava meus cabelos pra trás.

- Nós estamos perto da sua casa. – ele disse.

- Eu percebi. – respondi.

- Caso voc̻ se irrite comigo e queira ir andando. Рele disse e riu de lado.

Me irrite? Então a conversa não iria ser boa. – Mas o que você queria falar? – perguntei já com medo de ouvir a reposta.

- Eu queria saber o que tem entre voc̻ e Embry? Рele perguntou olhando para a escuriḍo do mar adiante.

- Porque isso agora?

Ele desviou os olhos do mar e me encarou sorrindo. - Voc̻ ṇo respondeu. Рdisse.

- Não respondi por que não tem nada pra responder.

- Voc̻ sabe que ele gosta de voc̻, ṇo sabe? Рele perguntou agora s̩rio.

- Ele ̩ bem sincero. Рfalei. Diferente de mim. Desviei os olhos para o mar.

- Seu pai sabe disso? – Jake perguntou.

Olhei pra ele surpresa. - Meu pai? O que meu pai tem haver com isso?

- Ele sabe do seu envolvimento com Embry?

- Não tem envolvimento, Jake. Nós somos só amigos.

Ele me segurou pelos braços angustiado. Isso me assustou. – , seu pai sabe que o Embry está apaixonado por você?- eu ainda fiquei encarando por alguns instantes. – Responde.

- Acho que sim. Já disse que o Embry é bem sincero, ele não esconde.

- Bom, enṭo acho que ṇo tem problema. РJacob disse aliviado me soltando.

O que? Agora ele estava me jogando pra cima do Embry? Não pude evitar que meus olhos se enchessem de lágrimas. – Jacob, quer me dizer o que está acontecendo?

- Só o Embry pode te dizer. – ele realmente estava me empurrando pra cima do Embry. Eu era uma estúpida mesmo. - Vamos?

Coloquei o capacete e subi da moto. Senti as lágrimas quentes molharem meu rosto escondido dentro do capacete. Em poucos segundos Jake parou a moto em frente a minha casa. Desci da moto e entreguei o capacete, sem olhá-lo.

- Obrigado Jake e boa noite! Рme virei em dire̤̣o a casa.

- Hey, espere! O que houve? РJake me alcan̤ou e me puxou para os seus bra̤os.

- Ṇo Jake! Рeu ṇo queria chorar. Demonstrar fraqueza era o que eu mais detestava fazer, ainda mais para o Jacob. РMe deixe ir. Рpedi.

- Primeiro me diga o que eu fiz.

- Não fez nada Jacob, só me deixe ir embora. Por favor! – tentei me desvencilhar do seu abraço.

- Por qu̻? O que aconteceu? Рele perguntava confuso.

- Jacob o que voc̻ quer de mim? Рele me encarou por uns instantes e depois baixou os olhos. Ele ṇo sabia a resposta.

- O que VOCÊ quer de mim ? – ele retornou a pergunta.

Não respondi, só me aproximei mais e deixei que meu corpo respondesse. Uma das minhas mãos foi para a nuca de Jacob o puxando para um beijo ardente. Não conseguia mais me segurar, meu corpo todo chamava por Jake. Ele retribuiu de imediato, logo nossas línguas dançavam juntas. Uma das mãos de Jacob que estavam em minha cintura subiu para minha nuca e se entrelaçou nos meus cabelos. Ele puxava de leve me fazendo inclinar mais. Mas nós tínhamos que respirar então ele separou nosso lábios, encostando sua testa na minha. Ficamos assim até que nossas respirações se acalmassem.

- Eu tenho que ir. Рele disse por fim. Apertei os olhos. Realmente ele tinha que ir. Soltei minhas ṃos de sua nuca, mas ele ṇo me largou. РAt̩ amanḥ. Рdisse me dando um selinho.

- At̩ amanḥ. Рrespondi. Jacob me soltou e relutante eu caminhei at̩ a varanda, mas eu queria mais Jacob. Ele acelerou a moto e se foi. E eu rezei para que meu pai ṇo me fizesse perguntas.

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