terça-feira, 23 de agosto de 2011

Sol e Chuva - Capítulo 3




Capítulo 3



A festa foi até tarde e eu acabei capotando na cama assim que tirei a roupa e coloquei uma boxer preta e uma baby look branca. Não tinha vontade de procurar um pijama. Até que foi bom, eu praticamente ter desmaiado, assim não pude sentir os efeitos que a minha desilusão me traria.

Acordei com um cheiro forte de queimado invadindo o meu quarto. Me levantei em um pulo e desci as escadas correndo.

– Outch! Droga! - cheguei a tempo de ver John colocando uma frigideira com alguma coisa carbonizada dentro que em outra época deveria ter sido comestível, em baixo da água da torneira da pia.

– Pai?

– Ah! Bom dia, filha!

– Bom dia! O que o Sr está fazendo? Além de tentar colocar fogo na casa, lógico. – falei divertida.

– Omeletes. Quer?

– Pode deixar que eu faço, pai. A partir de hoje deixa isso comigo.

– Ótimo! – ele disse sorrindo e me dando um beijo na testa.

– O que você está pensando em fazer hoje?- John me perguntou enquanto tomávamos o nosso café da manhã.

– Não sei pai. Mas primeiro vou ligar pra mamãe, antes que ela surte.

– Vai ligar agora?

– Não sei. Que horas são?

– São 7:30 am.

– Credo! Não me lembro de ter acordado tão cedo em um domingo. Bom, lá deve ser 1:30pm, então... sim, vou ligar agora.- não entendi o porque meu pai queria que eu ligasse agora, mas..

Alô

– Mãe?

Filha!! Porque não me ligou ontem?

- Mãe, as ligações são caras, lembra? Mas estou ligando agora. Como vocês estão?

Nós estamos bem. E você? Como foi a viagem? Como você está se sentindo? Seu pai está cuidando bem de você?

– Calma, mãe! Quanta pergunta! Mas eu estou bem. A viagem foi cansativa mas tranquila. E meu pai está sendo maravilhoso comigo.

Como está La Push?

– Igual. Acho.

E Jacob?- sabia que minha mãe ia perguntar.

– Não sei mãe. Ainda não tive o prazer de revê–lo.

Ué. Mas ele não sabia que você chegaria ontem?

–Mãe eu tenho que desligar, ok

Ok filha, só quero te dizer mais uma coisa. Carlos já mandou suas coisas pela transportadora, deve chegar em uns cinco dias.

-Minhas coisas! Minha bebê também?

Sim, por mais que eu ache uma estupidez, mas foi presente dele, né?

– Manda um beijo pro Carlos por mim!- Carlos era o novo marido da minha mãe, e ele que tinha me dado minha bebê.



Ok filha! Filha, só quero que você saiba que te amo muito, não importa o que acontecer.

–Não entendi essa, mãe? Acontecer o que?

Qualquer coisa, filha. Te amo viu?

–Ok mãe, também te amo.- que estranho– Tchau.

Tchau

Fiquei olhando para o telefone. Que papo estranho. Mas minha bebê estava chegando!

Toda a conversa meu pai estava sentado na cadeira da mesa da cozinha, distraidamente lendo seu jornal, mas eu tinha certeza que a intenção era ouvir o que minha mãe iria me dizer.

– Pronto pai, já telefonei, agora o Sr pode ir pescar.

– Mas eu só estava lendo meu jornal!

– Aham! Acredito!

– Ok você me pegou! Como está sua mãe?

– Bem! Meio estranha, mas bem. E ela já enviou as minhas coisas e a minha bebê também!- Festejei

– Bebê?- ele perguntou confuso.

–É pai, é minha bebê, espero que o Sr não implique com ela. Bom vou me arrumar. Boa pescaria pai!

– Obrigada, filha.

Subi as escadas de dois em dois.

Já fazia horas que meu pai havia saído para pescar. Meu pai era aposentado e tinha uma pequena loja de equipamentos de pesca no enorme centro comercial de La Push. Eu iria trabalhar lá. Já que nós estávamos em maio, e o ano letivo terminaria em junho. Como no Brasil eu já tinha começado o terceiro ano em fevereiro, eu teria que começar de novo em setembro, no início do ano letivo americano.

Eu estava olhando desanimada pela janela do meu quarto. Minha intenção era ir à praia, mas estava, adivinhem? Chovendo. Novidade, né? E então eu estava pensando em quem? Jacob é claro. Será que eu teria a sorte de viver em la Push e nunca ver Jacob? Era impossível, eu sei. Se Forks já era minúscula, imagine La Push. Como era estranha minha vida, passei nove anos morando em outro país, rezando por um dia poder ver Jacob, e agora que nós morávamos na mesma reserva, eu queria poder não vê–lo nunca. Pois eu não sabia como iria conseguir falar com ele, sorrir pra ele, com meu coração despedaçado do jeito que estava.

Peguei meu violão e comecei a dedilhar as cordas. Uma musica veio na minha cabeça e eu comecei a tocá-la.






Eu já estava no fim da musica quando senti meu celular vibrando em cima da cômoda. Ué, eu não tive tempo de dar esse número pra ninguém, só John sabe. Olhei o visor e não reconheci o número.

– Hello

Quem fala?- Não reconheci a voz do garoto do outro lado da linha e detestava essas pessoas que ligam e não se identificam.

– Quem é?

?

– Pode ser. Quem é?- perguntei impaciente. O garoto do outro lado riu.

Você está em casa?

– Olha cara, se você não se identificar eu vou desligar.

Não faça isso.

– Então se identifique.

Vai dizer que não reconhece minha voz? – olhei de novo o numero do visor, era de Forks.

– Embry?- perguntei desconfiada, mas não me parecia a voz de Embry.

Não, não é o Embry. - O garoto pareceu aborrecido. - Quer dizer que o Embry já andou colocando as garras pra fora.

-Quem te deu esse número?- agora eu estava curiosa.

Alguém que te ama muito.

– Não tem mais nada pra fazer, não? Vai te fu..

Hey, A Lilian não te deu educação não? –como ele sabia o nome da minha mãe?

– Olha, é a última chance que te dou. Vai dizer quem é ou não?

Poxa, depois de tanto tempo é assim que eu sou tratado. - o garoto se queixou do outro lado.

Não podia ser, mas e se fosse? Meu coração acelerou e eu sentei na minha cama, só que errei o espaço e acabei caindo no chão.

? Que barulho foi esse?

– Na–nada.- respirei fundo me levantando e sentando na cama com cuidado.- Jacob?

Rá finalmente! Achei que não se lembrava mais de mim – eu não pude evitar o sorriso enorme que surgiu no meu rosto.

– Você continua um bobo, Jacob!

E você se tornou uma boca–suja, . A onde se viu tratar assim uma pessoa por telefone?

–Eu não sabia que era você, se não tinha tratado pior. - eu ri.

É, acho que mereço isso – de repente o meu sorriso morreu. Não ele não merecia.

– Não Jacob, eu estava brincando.

Então porque não para de me chamar de Jacob? Daqui a pouco tá me chamando de Black. - eu ri.

– Ok Jake!

Mas você não me respondeu. Você está em casa, ? - ouvir meu nome na voz dele era tão bom.

– Sim estou em casa.

Então estou indo ai. Quero me desculpar pessoalmente por ontem.

– Aqui?- falei surpresa. Eu ainda não estava pronta pra ver Jacob.

Por quê? Vai dizer que já tá acompanhada?- ele parecia irritado – Não porque eu sei que teu pai foi pescar, ele passou aqui em casa pra pegar o velho. - Ah, então foi assim que ele conseguiu meu número? John seu traidor, você me paga.

– Não Jake, eu estou sozinha, mas não acho que seja uma boa.

Por quê?

–Porque eu acabei de acordar e não me arrumei ainda e...

Ah , para de frescura, estou passando ai em dois minutos e tchau!

– O QUE?- berrei, mas ele já havia desligado. Fiquei encarando o celular na minha mão. Ele era louco ou o que? Eu ainda estava com a mesma pouca roupa, meus cabelos estavam amarrados em um rabo–de–cavalo mal feito. MEU DEUS, DOIS MINUTOS!

Estava com a mesma boxer e baby look branca, quando ouvi um barulho no meu quarto. Prendi meu cabelo como estava mesmo.

–What the fuck?– abri a porta do quarto e dei de cara com um garoto moreno enorme, pendurado na minha janela. Ele sorriu e isso fez com que meu coração falhasse uma batida. – Jake?- ele sorriu mais ainda e parecia que o sol estava entrando pela minha janela, mesmo com toda aquela chuva do lado de fora.






Seus cabelos negros ainda pingavam. Ele estava só com uma bermuda e tênis, sem camisa. SEM CAMISA! Era muito mais forte que os outros garotos, seu abdômen totalmente definido, naquela pele morena e os músculos dos braços ainda estavam mais marcados pelo esforço de se segurar na janela. Ele ainda estava meio pendurado e eu devia estar demorando muito na babação porque ele começou a ficar impaciente.

– Vai me convidar pra entrar ou eu vou ficar aqui pendurado?- ele me perguntou divertido.

Eu ainda levei um segundo a mais para me lembrar de como falar. Vai , responde! Mas o que ele disse mesmo?

– Entra! – entra? Fala alguma coisa sua imbecil. Jacob está praticamente semi–nu na sua frente!- Mas você praticamente já entrou não foi? – eu ri, mas por dentro ainda estava abalada.

Ele deu um salto elegante, parando na minha frente sem fazer nenhum barulho. Com o mesmo sorriso que irradiava calor. Jacob passou as mãos pela minha cintura me puxando para um abraço de urso.

– Que saudade baixinha!- Jacob me levantou do chão tão facilmente como se eu não pesasse nada. E eu me afundei em seu abraço quente, muito mais quente que meu corpo febril. Pude perceber em como eu parecia extremamente branca em contato com a sua pele. Contra minha vontade ele se afastou um pouco para olhar meu rosto. – Como você está grande, !- ele disse sorrindo.

Grande? Será que ele estava me chamando de GORDA?

– Olha quem fala!- respondi me afastando mais dele, fazendo bico. Visivelmente magoada. – Ótimo Jacob, depois de tanto tempo, a primeira coisa que você me diz é que estou gorda!

Ele deu uma gargalhada alta que pareceu tremer a casa.

– Você continua a mesma boba de sempre. – disse me puxando pra ele, mas eu ainda estava de braços cruzados.- Eu não disse que você estava gorda, eu disse que você cresceu. Afinal você era uma garotinha magricela.- ele deu uma risada.- E agora... – ele me olhou dos pés a cabeça e foi só ai que eu me lembrei que estava com uma roupa curta demais, me deixando corada no mesmo instante.

– E agora o que Jacob? – perguntei sem conseguir olhar pra ele, tamanha a minha vergonha.

– Você não tem espelho em casa não?- ele disse levantando meu rosto. – Mas e ai me conta do Brasil. Como é o cara que você me trocou?- Jacob deu um passo pra trás e se sentou na minha cama pegando a minha mão.

Eu ainda estava tentando me controlar. Estar tão perto de Jake, depois desses anos todos, tinha que exigir um esforço extra da minha parte. E agora que ele estava sentado eu pude analisar melhor seu rosto. Na verdade Jacob só havia crescido de tamanho, o rosto de menino continuava ali, e o sorriso também. Mas seus olhos não eram tão felizes como eu me lembrava. Ele parecia cansado.






– O Brasil era legal. – falei sem me aprofundar muito no assunto, o que fez ele torcer o lábio em desaprovação. Mas eu estava preocupada demais com ele, para falar de mim. - Você está bem, Jake?

Jacob soltou um grande suspiro e fechou os olhos. Me puxou mais pra perto encostando sua cabeça no meu peito. Sem nem pensar minhas mãos foram para os seus cabelos negros.

– Estou.- ele respondeu desanimado.

– Você sabe que pode me contar tudo, não é Jake? – ele assentiu.- Fala! Quem é a garota? – Isso , te machuca mais. Desde quando você virou masoquista?

– Deixa pra lá!- ele respondeu.

– Jake!- reclamei indo pra trás para ver seus olhos – Eu voltei e vou sempre estar ao seu lado.

– Que bom! Senti falta da minha melhor amiga! – Melhor amiga!!! Fechei os olhos com força quando a dor me atingiu com tudo.

– Você a ama muito não é? – Que tipo de pergunta é essa, idiota? Pra que se machucar desse jeito? Mas eu tinha que ter certeza de que não tinha chances.

– Sim, muito!- Cerrei os dentes para evitar o grito e engoli as lágrimas. A dor era tanta que parecia que uma faca estava sendo cravada em meu peito. - Mas não quero te chatear com meus problemas agora, . – Jacob se moveu na cama até se deitar por completo. - Vem! – ele me disse abrindo os braços. Mas eu não sabia se era capaz de me controlar deitada com Jacob na minha cama. - Que foi?- ele perguntou quando viu minha relutância. - Não é a primeira vez que nós deitamos juntos.- disse com um sorriso malicioso no rosto.

Rolei os olhos. - Nós éramos crianças, Jake! E você não era tão... e

– Tão o que? – ele perguntou divertido.

Tão lindo e gostoso, amor da minha vida. –Tão grande! Você ocupa quase toda a minha cama!- disfarcei.

– Para de besteira e vem logo. - ele me puxou e eu me sentei apoiando as costas na cabeceira. Jacob se aproximou mais e deitou a cabeça na minha barriga. Meus dedos foram novamente para o seus cabelos, eles eram curtos, mas não tanto como o dos outros garotos.

– Carente Jake?

– Aham!- ele se ajeitou mais. Eu estava totalmente embriagada com o cheiro dele, a quentura da sua pele na minha. Senti Jacob relaxar e adormecer, enquanto eu alisava seus cabelos com as pontas dos meus dedos. Como eu amo esse garoto! As lágrimas agora vinham sem freio, eu não tinha mais força para pará-las.

Comecei a analisar Jacob, seu rosto ainda infantil apesar de já ter as linhas mais duras, seus cílios cheios, sua boca bem desenhada. Desci os olhos pelo seu pescoço, alinha das suas costas largas com os músculos bem desenvolvidos. Resolvi parar quando meus olhos chegaram ao cós de sua bermuda, seria demais para o meu autocontrole. Voltei meus olhos para o seu braço que envolvia minha barriga. Jacob tinha uma tatuagem no ombro igual à de Embry e dos outros garotos. Seria moda em La Push? Aquele símbolo me era conhecido mas não me recordava de onde.

Um som conhecido ecoou do lado de fora da casa. Era o chamado que as crianças Quileutes usam para anunciar sua chegada. Sequei as lagrimas.


2 comentários:

oh, eu, eu quase CHOREI! esta beautiful. escreve depressa querida! isto e vicianteeee :3

Ai copiou muitas partes do livro, hummmm, magoei!

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